Parecia estar acordada, olhando pro tripé onde ficam minhas roupas usadas. Trouxe os olhos para as roupas de novo e vi o que parecia o contorno de mulher.
Era sim, uma mulher. Com afeição jovem, rosto liso, pele negra, cabelos longos encaracolados, vestia uma saia grande, com os seios a mostra e lábios vermelhos, carnudos. Os peitos dela me davam vontade de lamber os meus.
Falei pra ela vir a minha cama. Falei, mas sem mexer os lábios.
Ela sorriu e tirou de si mesma um colar cheio de pingentes, com símbolos diversos. Só me lembro de alguns: uma estrela, uma lança... Vários pingentes, pareciam ser uns doze. Duas vezes a meia dúzia.
Ela veio até meu corpo, que estava ainda deitado, esparramado pela cama. Ela veio, mas sem mover seu corpo.
Estava em cima de mim, quando estendeu o colar perto do meu pescoço disse para pegá-lo:
É um presente..
Então veio uma voz, invandindo a minha mente e a imensidão que se criara entre o meio de nós duas: "bruxa! é bruxaria!"
A mulher chorou e foi sugada pela porta do quarto. que estava fechada. E eu, ainda imóvel, não pude ajudá-la.
Deitava estava, deitada fiquei.
Das frestas da porta, surgia uma nuvem espessa, nefasta. Senti algum medo, pelo risco de também ser succionada.
Peguei o colar - se o fiz, foi também sem movimentos - e quando minha mão tocou o sibilar prateado da estrela, minha alma voltou ao meu corpo, então levantei.
Abri os olhos, de novo em meu quarto. Não havia mulher colar ou pingente, apenas o aviso transladado pelo intra-ethos-subconsciente.
Era um recado de Daemon.