Monday, November 18, 2013

Desvida

O vício era simples: Reler cartões postais antigos-
E lamber o selo.


Não por nada específico. Apenas queria relembrar grafias de pessoas conhecidas

Outrora próximas... Queridas -
E lamber o selo. 


A madrugada sempre lhe trazia um mormaço pegajoso,
Uma nostálgica calmaria,
Toda ela, n'alma embebida
E uma vontade louca, descabida!
de lamber o selo. 


Nada mesmo em todo mundo responderia 

O por que de tanto lodo.   
Esse querer que nutria 
Essa sua boba mania
de lamber o selo. 

Pós toda a métrica habitual e ritualística,

Algumas lágrimas se misturavam
Ao suor de seus dedos, 

Ao teor de seus medos, 
À laços, À unhas, À pelos, cabelos -
Saliva 
de cada lambida

que dera 
no selo. 

E o glacê desse poço

Era o que dava gosto
Ao presente-passado-selado  

E o dia cada de nosso pão que seguia
sem vontade,
sem graça,
sem selo -

Sem vida.

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