Wednesday, May 21, 2014

Diacronia

Era uma aura Radiante! Muito diferente daquela água barrenta que passava por debaixo de nós naquele prédio.
O desenho das escadas, cada traço da planta,  permanecia no mesmo lugar que ocupavam anos atrás, no entanto, agora havia luz. - Imensidão...

Do lado esquerdo, a recepção que sempre esteve meio vazia.
Desci um lote de escadas e não era mais  lá a entrada para a saída.

Fui pra esquerda, e tentei o corredor a direita. Ambos fechados, mas o chacra estava aberto.
Não senti cansaço, nem fiquei confusa em nenhum momento. Na verdade parecia mais encantamento mesmo, paixão! Deslumbre. Queria ver os espaços como tinham ficado, afinal de contas, já fazia tanto tempo...

Caminhei mais um pouco e de repente, já me vi encontrando a porta dos fundos. Era um portão lindo!

Em cima tinha uma sala de vidro. Parecia um aquário. E talvez fosse por que as pessoas flutuavam dentro dali.
O professor - sim, havia um professor- devia ensinar biologia porque tinha um singelo animal em sua mão. Uma espécie de hidra, um cnidário. Um plasma que se locomovia por entre todos, em plena sala!

Atravessei o portalhão, sem querer atrapalhar a aula e a saída era entrada para o final da vida.

Um jardim, belo jardim!
Um mausoléu, talvez. Tinha tom de tez aurífera.

Era lindo. As paredes de mármorie, como daqueles santuários gregos antigos, tinham plantas , inúmeras plantas grudadas nelas.


Não haviam estátuas, esfinges

apenas seres vivos,
porém ainda não os via.

No meio do espaço um rio (Ou era uma piscina?)


Tinha sabor de antiga,

mas não era suja,
era linda!

me sentei, em beira d'água

meus pés sentaram comigo

o vento amacia

o tempo inexiste.

Logo atrás quem vem é o professor de biologia.


"Esses nomes na verdade nem existem aqui. Sei do q'está falando porque estudo muito o translado das dimensões." - ele disse, sem me falar.


D'um jeito que não sei explicar

espalhamos mais sobre nós mesmos.
Nos espalhamos

"Vamos devolve-lo?" - disse o (não)professor, sem falar, sobre o bichinho, o "cnidário" (que no meio das trocas fiquei sabendo também que não era um cnidário.)


"Sim, claro!".


Ele foi na frente e (não) nadava,

esse verbo também
existir
não devia.

Quando transpassei a superfície, me senti!

Finalmente!
Me vi.
Era eu ali!

Plena

E mais ninguém, pois tudo:
As plantas, a água, os pés, o cnidário, os outros animais, o professor...

Absolutamente TUDO era eu!

E eu era tudo.

E nós éramos diferentíssimos,

porém éramos UM SÓ.

e lá estávamos em plena copulação de vida!

- Profusão/Coesão
quando as mãos beijaram as minhas.

Sentamos beira d'água e as gotas não molhavam, eram parte do suspiro.


Nos trocamos mais um pouco quando Ivan me disse


"vamos, Ana, já estamos indo."


Não sei porque, mesmo sem tempo, houve hora pra ir.

Estavam todos retornando pra o mesmo lugar d'onde partiu.

Olhei pra o professor olhando

E ele sem falar, e sem sorrir - sorriu dizendo adeus.

Então, daquela imersão, saímos.


E eu abri os olhos. sob o teto branco do meu quarto.

Olho pro lado. são sete e quinze.

Voltei de viagem.


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