Friday, September 26, 2014

Rec 00006

Staying in this Drop
I would never choose

I told that I couldn't  being
like this,
I told

But I'm so unknown

And keep running
keep running
keep down

Don't you know I'm around

Right on round
Right on round

Lights turns out

Let's  break out!


Wednesday, September 24, 2014

Crisântemo

“...gosto de andar descalço. Sapatos fechados (daqueles de executivos, de pseudo advogados, de aspirantes a qualquer coisa no serviço público) não deixam meus pés respirarem. É como usar camisas abotoadas até o pescoço. É como ter nos braços o peso de um relógio que me escraviza no tempo, para me fazer sentir o peso das horas, para que o tempo meça e limite tudo aquilo que meus braços suportam. Não. Não uso relógio. Não uso sapatos de aspirantes à classe média B. Não tenho intimidade com sequências de botões verticalizados, enfileirados, cada um com sua “casa” correspondente. Não tenho paciência. Abotoo até a metade, gola aberta, sem camisa, ponho óculos escuros, a corrente de ouro, reflito Leminski.

Por outro lado, às vezes sinto uma enorme necessidade de terra, de cheiro de terra, de pôr ‘sapatos de aspirantes a qualquer coisa’ só para tirá-los e andar descalço na terra úmida, sentir os pés afundarem cinco centímetros na lama do quintal de casa, correr na lama, escorregar, cair de bunda, o cachorro lambendo meu rosto, me jogar no rio de onde vem o peixe da janta, ver os peixes coloridos no raso, mas
não ser raso
e nem ser a todo tempo profundo
mas ser infinito, e sentir a terra, e sentir a água,
e sentir os rios de mim, e sentir,
e sentir e viver, e ver o sol, e ser os raios de sol,
e ser o calor, e ter braços de caber o mundo,
e ser eu o único mundo que me suporta e, os seres, meus horizontes de afetos ilimitados.”

Ana olhava pra mim meio que encabulada, exclamativa, como se muitas perguntas viessem a sua mente de uma única vez e ela não conseguisse alcançar nenhuma delas. Seus olhos percorriam novamente meu texto, tentando decifrá-lo, tentando me decifrar. Queria dizer pra ela que não, Ana, a cifra é tentativa eficiente, e às vezes ineficaz. A palavra não suporta a densidade da subjetividade; o importante é o interdito, assim como as entrelinhas e os silêncios. Acho que ela não entenderia. Finalmente, ela rompeu o silêncio.

- Mas Chris, em tua casa não tem quintal, tem?
- Não, mas eu gostaria que tivesse.
- Pois é. E que rio é esse? Nem tem rio por aqui!
- É, mas eu gostaria que tivesse também.
- É. E que história é essa de que o Leminski não abotoa camisa?
- Ah, tem uma foto na internet que ele tá com a camisa aberta quase que até a barriga, com uma flor na mão, óculos tipo aviador. Ta, não é uma camisa, mas no conjunto ele tá parecendo aquele cantor, o Falcão, sabe? Só que sem aqueles trecos que a gente nunca sabe se vieram de uma lojinha de artesanato ou de uma lojinha de R$1,99.
- Sei. Mas assim, não sei de onde tu tira essas coisas! E que preconceito com as pessoas do serviço público...                   quando foi isso?...             caramba!                Tu nem gosta de praia, Chris!...

Depois daquela resposta sobre o Leminski, pouco ouvi do que a Ana falava. Peguei de volta meu texto. E ela continuava falando e falando e falando interminavelmente. Pensei, li novamente, pensei de novo no que ela falou. Eu não sabia ver os fatos, ver as fotos, ver o que quer que fosse e dizer depois, literalmente, o que eu havia visto. Eu sempre queria acrescentar algo. Não para trazer perfeição, mas pra que a foto virasse cena, minha cena, e as pessoas fossem meus personagens, e tudo fosse um grande espetáculo. Lembro que, por um breve momento, Ana parou de falar. Eu ainda tinha o texto em minhas mãos. Muito breve.

- Chris, eu acho que entendi o que tem no texto, assim, de modo geral.
- É?
- Sim. Você quer tudo perto, tudo que te faz bem, todos os sentimentos. Mas, ao mesmo tempo, aquilo que te faz mal, tu afoga no mar, por isso que tu fala de profundidade e de rio. E no final tu fica feliz porque tem o quintal, tem o cachorro, tem a lama e tem o peixe, né, daí tu come...
- É, tem a ver com ser feliz, com afetos, sentimentos... Tu entende a diferença? De afeto, sentimento, contração, expansão e tal...?
- Entendo. É tipo “amar e ser amado”, “beijar e ser beijado”, “foder e se foder”, e tudo isso nos leva de volta ao amor, né?

Ana... Eu queria dizer a ela que a ideia não era essa, mas eu ri tanto com o que ela disse, que não tive como continuar a explicação. Nós sorrimos. Sorrisos largos, sorrisos sinceros, sorrisos de não caber nos lábios, de extravasar pelos olhos miúdos, covinhas no rosto, bochechas expandindo. Eu queria dizer pra Ana que era exatamente isso, só não sabia como. Mas não era necessário.


Gleise Almeida,
           
Alquimia Sensorial

Tuesday, September 9, 2014

Obituário

[Oh, baby
    you look so fucking boring now]



    foi-se o sentido.
    
não o procuro
    nem guardo o que foi -

    nas claras águas
    azularam-se as imagens
    turvas estão as memórias
    de dias atrás

    ora!
    não quero fazer elegia
    a um sentido herege
    nem ode
    ao ideal profano
   
    ideal
    ideal
    ideal
    desajável
    momentos para
    refazer
    as
    memórias
    aprisionadas nos cantos da cidade
    nos cantos das calçadas
    no canto bolorento
    empoeirado
    silenciado
    pelo ideal abortado.

    legalizo.


    faz-se a cicatriz.

    não mais a dor de outrora,
    face à cicatriz.    

        foi-se o sentido.
        não o procuro
        nem guardo o que foi -


    nas águas claras dos dias
    pausas, refrões e sorrisos
    de novos ideais que eu persigo
    em novas odes profanas.

***   

"And a fall from you
is a long way down
I've found a better way out"




Gleise Almeida

Gimme one more

Lay down,
 Sleep with my-own-self

There she goes

to the end of the Tub

Has nothin to sing

To draw

There's just her work to borrow clouds to the floor

And cigarrettes to the mouth

LIfting that zipper with clicks


So drink Black/Gold/Green Beers.

Friday, September 5, 2014

Produção em Série

Padrão de Lote
de Corte -
Vestido.

Não me encaixo
em nenhum

paradigmamos

que esse é só o contraverso

invertido pelo avesso
do enxerto
nocivo
habitual

Eu diria:

"sejamos então prolíferos

prolixos
laurívoros
Disléxicos"

Mas não - 


A real, afinal,
são os nós fixos
abotoados
em bottoms
do cérebro.

Julgamento - Ilustre boçal. 


Tijolo [trajeto resumido]

Quando te conheci não era por birra por nada.
Os meses passaram.
Pessoas...

>
Início
APOGEU
agonia
DEATH
___________________


||

CALMARIA
sedimento
CONSTRUÇÃO

Após  "Torrência"
vem paz/harmônia/equilíbrio


>>>

Ponto
e fim?

Reticências.

Suas palavras são estampas
reconstrutivas
do processo.

Enfim,
Caro amigo,
Namastê !

Thursday, September 4, 2014

Janaína



Iemanjá - Vanessa Lima

We Used To Wait - Arcade Fire






I used to write
I used to write letters
I used to sign my nam

I used to sleep at night
Before the flashing light settled deep in my brain



But by the time we met
By the time we met the times had already changed


So I never wrote a letter
I never took my true heart, I never wrote it down

So when the lights cut out
I was lost standing in the wilderness downtown


Now our lives are changing fast
Now our lives are changing fast
Hope that something pure can last
Hope that something pure can last

Now it seems strange
How we used to wait for letters to arrive
But what's stranger still
Is how something so small can keep you alive

We used to wait
We used to waste hours just walking around
We used to wait
All those wasted lives in the wilderness downtown

We used to wait
We used to wait
We used to wait
Sometimes it never came
We used to wait
Sometimes it never came
We used to wait
I'm still moving through the pain


I'm gonna write
A letter to my true love
I'm gonna sign my name


Like a patient on a table
I wanna walk again
Gonna move through the pain


Now our lives are changing fast
Now our lives are changing fast
Hope that something pure can last
Hope that something pure can last

We used to wait
We used to wait
We used to wait
Sometimes it never came
We used to wait
Sometimes it never came
We used to wait
I'm still moving through the pain
We used to wait
We used to wait
We used to wait


We used to wait for it
We used to wait for it
Now they're screaming "sing the chorus again! "

We used to wait for it.
We used to wait for it.
Now we're screaming "sing the chorus again! "

I used to wait for it
I used to wait for it
Hear my voice screaming "sing the chorus again! "


Wait for it!