Tuesday, November 18, 2014

Signo Volcano

muitas vezes eu
fogo
minha palavra chama
os pensamentos em
palavras cinzas
voláteis
- é uma questão de signo
talvez
insight ascendente
                em quê?
descendentes de memórias
torpes
sacras
mundanas memórias humanas
que persigo insistentemente
que abrigo acumuladamente
não moderadamente
numa overdose mal ensaiada de versos
signos significados significantes que quase sempre não
significam absolutamente nada.
ascendo pelo signo que me limita
transcendo pelo signo que não limita
memória
memória
frases não ditas
                minha eterna conjugação no futuro do pretérito
                meu ciclo de poderias
minha subjetividade vertida em matéria.
minha mente em erupção
meu verso
lava.
sinto: sou eu este vulcão
sou eu este vulcão
sou eu.

***

Gleise Almeida

Monday, November 10, 2014

Bolha

Turn off the lights
and leave me here
with me
my fears
and my dreams

Friday, November 7, 2014

Dust Lane - Yann Tiersen

"We are boys and girls
Of a new world trade union.
We just want to buy something.
We just want to lose control
Of our thoughts... Of our thoughts...."



Wednesday, November 5, 2014

(sem ti-tulo IV)

aqui, visto exatamente de onde estou

o tempo escorre
e não há filtro.
nesses encontros líquidos reencontrados
nessas manhãs iniciadas em nossa calma
em nossa cama
nossa alma, amor
solidificamos.
e de tanto a sós ficarmos
digo
anoiteçamos.
volte a noite, volte a madrugada
            corra o dia líquido fluido
volte à noite, amor
pois à noite
daqui de onde estou
me foge dos olhos essa
porta
por onde agora te
vejo
partir.

"...but do give
just give me today
or you will just scare me away
what we build is bigger
than the sum of two..."



Gleise Almeida

Tuesday, November 4, 2014

Midas

Se tem algo que eu odeio é esse povo que vê flor em pedra. Planta de pedra é limo, aquela coisa inerte, que mais parece morta. É trepadeira, aquele ser asqueroso, grudado à pedra, chupando o chão, se alimentando da imundície e se tornando parte integrante da imundície.

Explico. É que parece uma epidemia o olhar medíocre sobre o ser humano que elucubra sobre sua suposta beleza, seus supostos grandes atos. Se fala muito de calor humano mas ninguém vê que ao se tocar um ser humano se sente o mesmo do que se sente ao tocar qualquer objeto: um frio cortante e metálico. Um silêncio apavorante. E se, após tocarmos, tivermos a coragem de olhar nos olhos da criatura, mas tétrica se torna a imagem. Aqueles olhos amarelos brilhando de pavor.

Errar não é humano, o ser humano é que um erro, uma piada de mau gosto. Ora, não nascem flores nas pedras; arte, deus, liberdade, amor, política, compaixão, balelas! Só o que vejo sou eu, desamparado, cercado por esses amarelos.

Todas essas décadas vivendo minha vida. Trabalhando e produzindo. Colocando minhas mãos ao trabalho para produzir a minha paz, doando cada segundo e cada gota fria que sai de minha testa para comprar meu sossego, e o que ficou foram os pesadelos. Todas as noites mãos amarelas me roubam os filhos. Gigantescas picas de ouro matam minha mulher a pancadas no crânio, depois de estuprá-la violentamente. Eu, dentro de uma multidão de estátuas douradas tento andar sem me esbarrar em ninguém, mas um passo em falso e todas as pesadas figuras desabam em cima de mim e me esmagam. E mãos, mãos gélidas me tapam o nariz e a boca, me seguram duramente enquanto eu me debato até a morte.

Pesadelos. Esses dias eu tive mais um. Desses que, com o passar do tempo, você já não tem certeza de se você sonhou ou viveu. Eu estava deitado na cama pela manhã, e através da janela entravam os primeiros raios de sol do dia. A luz me tocava, mas eu me sentia frio. Tinha vontade de me espreguiçar mas não conseguia. Meus olhos estavam voltados para o teto branco, que naquela ocasião estava tingido com um reflexo dourado.


Luciano J. Fernandes

just saying

"i'm always drunk"

Monday, November 3, 2014

Embaçado

loucura a vácuo
espaço cheio.
pensamentos 

esvaídos
de

um corpo embaralhado

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tento, penso, faço

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Depois de um tempo

depois dos fatos.

tudo se arruma, 

de lado a lado.
do fundo 

de dentro
de fora..

de fato,

se acalme...